sexta-feira, 6 de maio de 2016

É só mais um dia das mães

Um novo domingo igual a tantos outros. Passei a semana na maior correria, mas conforme os dias foram avançando, o coração foi apertando. Sabia que o choro seria inevitável. A pauta de compras para o dia das mães caiu na minha mão umas três vezes, e nas três agradeci por ela ter caído. Não é fácil ver tanta propaganda de dia das mães e não se abalar. Ironicamente eu produzi várias peças publicitárias voltadas para o dia. Tudo na maior praticidade, como se eu fosse a garota mais descolada e resolvida do mundo. Quem dera.
Em um desses dias que a pauta caiu, peguei outro assunto, onde uma mãe reclamava pela demora na cirurgia para a filha. Entre uma pergunta e outra, passou de relance um pensamento: 'ela é uma leoa, como toda mãe deve ser...nem sei o que é isso'.
Esses dias postei aqui um texto onde falava da minha mãe, contei que ela era professora. Mostrei o texto para o meu irmão mais novo e ele disse: "não sabia que a nossa mãe tinha sido professora". Ele me pediu mais detalhes, e eu não soube responder. Senti um nó na garganta. Eu não lembro mais dela, eu estou esquecendo, e isso é triste.
Lembro que ela era forte e meiga, e vaidosa, e trabalhadeira, e honesta, e, e, e... mas ainda assim as recordações são poucas.
Passei um whats pra minha prima-irmã, a Fran, (a minha tia era irmã da minha mãe, assim como o meu tio é irmão do meu pai). Temos a diferença de um mês de vida, e uma ligação muito grande. Ela perguntou pra tia Ilda e me respondeu ao meio dia:
" A mãe disse que sim. Foi só um ano, acha que era uma turma do primeiro ao quarto ano. Era uma sala do interior, todos estudavam juntos. Ela dava aula na linha São Joaquim".
Duas linhas e meia, é tudo o que eu tenho. Logo eu que gosto tanto de palavras...
Tinha jurado que esse ano eu não ligaria para o meu pai, afinal, sei que infelizmente ele não é eterno. Mas que se dane.
Amanhâ vou passar a mão no telefone. A ligação vai começar com um "Oi, pai!", seguida de um choro compulsivo, com algumas palavras de conforto... as mesmas dos últimos 20 anos, e depois eu vou agradecer, dizendo que o amo muito. No final vou suspirar fundo e dizer: passou, foi só mais um dia das mães!
Não escrevo para que sintam pena, escrevo para aliviar os sentimentos, pois não pretendo carregar o mundo nas costas, nem o meu. A vida é muito mais que um filtro no instagram.

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